Conheça o tucunaré-popoca: pequeno, mas bom de 'briga'
23/06/2024
(Foto: Reprodução) Proveniente das águas da América do Sul, peixe fascina pescadores esportivos não só pela cor vibrante, mas também pelas habilidades que o fazem um predador ágil e eficaz em seu habitat aquático. Tucunaré-popoca recebe o nome por conta de característica de "pipocar" quando fisgado
José Ferreira/TG
Existem 16 espécies de tucunaré conhecidas pela ciência até os dias de hoje. Destas, uma chama a atenção dos pescadores por uma característica única: o tucunaré-popoca (Cichla monoculus). Podemos apelidá-lo de “pequeno valente”. Um peixe menor do que outras espécies de tucunarés, mas muito bom de briga.
Medindo de 30 a 50 centímetros, o tucunaré-popoca pode ser comparado com o nosso tetracampeão mundial de boxe, Acelino “Popó”. A diferença, porém, é que Popó é o campeão dos ringues, e o popoca, dos rios.
Entre os pescadores, a espécie é tão brigadora como o boxeador, por isso os nomes são associados. O nome “popoca”, na verdade, vem do verbo “popocar”, o mesmo que estalar, pipocar. Uma palavra de origem indígena.
Podemos dizer que o bicho faz jus ao apelido. Depois de fisgado, o peixe vem “pipocando” pela água, se debruçando e dando muito trabalho ao pescador. Daí sua fama de “malandro” e “brigador”.
Nativo da América do Sul, o tucunaré-popoca pertence à Bacia Amazônica. Um exemplar adulto varia entre 1 a 3 kg, mas pode chegar a até mais.
A coloração da espécie apresenta uma vasta gama de cores e padrões que o tornam um dos mais belos e cativantes exemplares encontrados nas águas da América do Sul. Por conta dessa diversidade, em países como a Colômbia e Venezuela, o nome popular da espécie faz referência a uma ave bem colorida: o pavão.
Machos apresentam um calombo na cabeça em época da reprodução
José Ferreira/TG
Por conta de suas habilidades predatórias e sua forma hidrodinâmica, o tucunaré-popoca se destaca entre os habitantes dos ecossistemas aquáticos. A forma hidrodinâmica refere-se à estrutura física de um organismo que é projetada para minimizar a resistência à água durante o movimento.
No caso do tucunaré-popoca, essa forma específica do corpo, que é alongado e ligeiramente achatado lateralmente, permite que o peixe se desloque com maior facilidade e eficiência na água.
Suas nadadeiras extremamente bem desenvolvidas, especialmente a dorsal e caudal, desempenham papel crucial em sua agilidade tanto na natação quanto na caça. Isso significa que o tucunaré-popoca pode cortar a água com menos resistência, o que lhe confere maior velocidade e agilidade ao perseguir suas presas ou escapar de predadores.
A dieta carnívora do tucunaré-popoca é evidenciada por suas mandíbulas proeminentes e pontiagudas. Essa espécie é reconhecida por sua capacidade de expandir a boca consideravelmente, permitindo a ingestão de presas de tamanho significativo em relação ao seu corpo.
No programa de ontem (22), você conferiu a aventura completa da nossa equipe em busca do tucunaré-popoca no município de Barcelos (AM).
Aventura de pesca vai em busca do tucunaré-popoca em Barcelos, AM
Tucunarés
De acordo com a pesquisadora e curadora da Coleção de Peixes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Lúcia Rapp, os tucunarés são peixes grandes, podendo chegar a quase 1 metro de comprimento. Geralmente apresentam uma coloração amarelada, brilhante, com uma mancha em forma de olho na cauda.
Podem ser também escuros em águas pretas. São populares de todas as regiões do Brasil e apresentam vários nomes locais diferentes.
“São muito apreciados na culinária e na pesca desportiva. Por ser um peixe curioso, ele é muito atraído por iscas coloridas brilhantes", diz a pesquisadora.
Os machos apresentam um calombo ou uma corcunda na cabeça em época da reprodução. Os tucunarés da Bacia do Rio Negro apresentam faixas pretas, verticais, e podem apresentar muitos pontos brancos ao longo do corpo organizados em fileiras.
Já nas áreas de várzea, nos lagos e grandes rios, os tucunarés são mais amarelados e essas faixas verticais são mais curtas e largas, podendo apresentar também outra faixa longitudinal preta na parte mais ventral próximo a barriga.
Invasão
O tucunaré é um peixe de rápida reprodução e crescimento e foi introduzido em diversos açudes ou lagos fora da Amazônia, que é seu ambiente natural.
“Geralmente, assim que o tucunaré é introduzido no ambiente que não é seu ambiente natural, ele causa um desequilíbrio imediato. Ele vai predar, vai consumir, vai comer uma série de espécies de peixes menores, que são espécies de populações nativas”, explica Lúcia Rapp.
“Espécies exóticas de maneira geral provocam um grande impacto nas populações locais. Seja por conta da predação, pelo consumo de espécies nativas, por competição ou pelo recurso alimentar", completa a pesquisadora.
*Texto sob supervisão de Fernanda Machado
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