Gato melânico é registrado entre área de Pampa e Mata Atlântica no RS; animal pode ser híbrido

  • 28/06/2024
(Foto: Reprodução)
Possível indivíduo híbrido da espécies gato-do-mato-grande e gato-do-mato-pequeno tem ainda pelagem preta, causada por anomalia genética. Vídeo mostra soltura de gato melânico capturado no RS Pesquisadores do projeto Felinos do Pampa encontraram um possível híbrido das espécies gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) e gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), cuja pelagem é melânica. A captura para monitoramento foi feita no município de Quevedos (RS) e a soltura aconteceu nesta quinta-feira (28). A área serrana, às margens do Rio Toropi e no centro do estado gaúcho, é uma zona de contato entre dois biomas. Também é um local propício para o encontro de indivíduos híbridos, já que L. guttulus ocorre só na Mata Atlântica, e L. geoffroyi só no Pampa. Para determinar se realmente se trata de um híbrido de duas espécies de gatos selvagens, o professor Eduardo Eizirik ressalta que é necessário aguardar o resultado da análise genômica, que determinará a quantidade de material genético de cada espécie no animal. “É um indivíduo com aparência atípica. Pode ser mesmo um híbrido, que ficou com uma combinação de características diferente de outros híbridos que vemos na região central do RS e é um indivíduo melânico, o que é bem interessante também”, explica o pós-doutor em Genética Evolutiva pelo National Cancer Institute (EUA). Possível híbrido de gato-do-mato-grande com gato-do-mato-pequeno tem pelagem melânica Felipe Peters De acordo com ele, os gatos-do-mato-grandes com melanismo são comuns na região. Vale lembrar que isso é uma mutação genética que eleva a produção de melanina - proteína presente no corpo responsável pela pigmentação. “Descobrimos essa zona híbrida entre L. geoffroyi e L. guttulus, que é bastante ampla. Está acontecendo na natureza, ou seja, eles estão hibridizando em ambiente natural. Nesse sentido, não são híbridos criados por humanos, mas isso não quer dizer que o processo não seja indiretamente causado por ações humanas, como alterações na paisagem”. “Isso é um dos pontos que estamos estudando, testando se é um processo natural (e antigo) ou um processo recente, o que indicaria que é causado por atividades humanas. Devemos ter essa resposta quando analisarmos todos os dados genômicos que estamos gerando, o que deve ocorrer até o final deste ano”, completa Eduardo. Evidências de hibridização Segundo o responsável pelo Projeto Felinos do Pampa e membro do Instituto Pró-Carnívoros, Felipe Peters, o indivíduo capturado tem pelagem e morfologia que remete a L. guttulus, mas uma massa muscular e uma proporção corporal tipicamente associada a L. geoffroyi. “Por exemplo, um L. guttulus macho e adulto de 2,8 kg já seria muito grande. Este indivíduo capturado é um macho adulto de 3,7 kg, peso que pode ser normalmente encontrado em L. geoffroyi”, cita Felipe. “Também é importante destacar que apesar da condição melânica, sob a luz é possível visualizar a coloração de fundo, o que permite reconhecer as ‘rosetas’ associadas a L. guttulus (diferente de L. geoffroyi puros, que teriam pintas)”, complementa. Felino foi capturado em Quevedos, região central do Rio Grande do Sul Alan da Costa Uma das linhas do projeto visa avaliar a ecologia de felinos silvestres em áreas degradadas pela ação humana. A área de estudo dele, conforme o biólogo, é impactada pelo plantio intensivo de soja e exploração energética (hidrelétricas). Desse modo, os felinos são capturados em meio as barragens e as lavouras e recebem os colares GPS para coletar informações sobre o uso do habitat e horário de atividade em meio as áreas degradadas. Com isso, os cientistas tentam entender como estas espécies ameaçadas, e de alto requerimento ecológico, estão conseguindo persistir em ecossistemas impactados pela ação humana. Implicações Para a aluna de Eduardo, a pesquisadora da PUCRS Fernanda Trindade, se essa hibridação começou por conta de modificações humanas no ambiente, dificultando que cada espécie encontrasse seus parceiros "corretos", nós estaríamos interferindo na evolução natural delas. “Uma das potenciais consequências é que os híbridos venham a predominar e percamos as espécies como a gente conhece”, alerta Fernanda. “Por isso, o mais importante nesse momento é ter esforços e politicas públicas para proteger os biomas Pampa e Mata Atlântica, com as características que eles deveriam ter para não interferirmos ainda mais na dinâmica não só desse par de espécies, mas de muitos outras”, afirma ela. O gato-do-mato-grande (L. geoffroyi) é considerado vulnerável à extinção no estado do RS e no Brasil. Já o gato-do-mato-pequeno (L. guttulus) também é considerado vulnerável à extinção no RS, no Brasil e no mundo. De acordo com Felipe, a perda de habitat é o principal impacto que assola as espécies de felinos silvestres, seja pela conversão dos campos nativos em grandes monoculturas de soja ou pela supressão das florestas, principalmente no que tange as matas ciliares. "A caça é um impacto motivado por retaliação à predação de galinhas e demais aves domésticas. Os atropelamentos são frequentes não só no RS, mas em todo Brasil. O transbordamento de doenças provenientes de cachorros e gatos-doméstico também é uma ameaça potencial as espécies de felinos silvestres", relata o pesquisador. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2024/06/28/gato-melanico-e-registrado-entre-area-de-pampa-e-mata-atlantica-no-rs.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

AutoDJ
AutoDJ

Piloto Automático

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Top 5

top1
1. Raridade

Anderson Freire

top2
2. Advogado Fiel

Bruna Karla

top3
3. Casa do pai

Aline Barros

top4
4. Acalma o meu coração

Anderson Freire

top5
5. Ressuscita-me

Aline Barros

Anunciantes