'Queria meu cérebro de volta': Campinas registra 3,3 mil afastamentos de docentes por transtornos mentais em 2025

  • 26/11/2025
(Foto: Reprodução)
Região de Campinas registra 3,3 mil afastamentos por transtornos mentais de professores Campinas registrou 3.356 licenças médicas por transtornos mentais e comportamentais de docentes da rede estadual, entre janeiro e setembro de 2025, segundo o Centro do Professorado Paulista da Diretoria de Perícia Médicas do Estado. O número equivale a uma média de 12 afastamentos por dia. Os dados foram obtidos pela EPTV, afiliada da Rede Globo, via Lei de Acesso à Informação e referem-se às licenças classificadas como CID-10. Em todo o estado de São Paulo, foram 25.699 afastamentos. 🔎 O CID-10 é um código criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para padronizar a identificação e codificação de doenças. Utilizado por profissionais da saúde para se referir a transtornos mentais e comportamentais. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp Professores relatam sobrecarga, condições precárias, estresse, baixa remuneração e pressão da gestão. A Secretaria Estadual da Educação informou que mantém ações permanentes de cuidado aos servidores com mais de 650 mil atendimentos psicológicos e psiquiátricos para profissionais da rede. A pasta também afirmou que todos os pedidos de afastamentos passam por perícia individual sem ter relação com processos de desligamentos, e que repudia qualquer forma de assédio, orientando que as denúncias sejam registradas pelos canais oficiais. Segundo Márcio Calheiras do Nascimento, representante do Centro do Professorado Paulista, a falta de suporte psicossocial e os episódios de violência nas escolas agravam ainda mais o cenário. “Às vezes o professor com problemas sérios precisa de um afastamento e o Estado, inclusive, nega. Eles fazem a perícia pra avaliar a necessidade de afastamento perante o departamento de perícias médicas do Estado. O que eles relatam? Que às vezes o médico nem olha pra cara dele e nega", diz representante. Burnout, coação e assédio moral Professora da rede estadual de Campinas relata coação que sofreu após afastamento por burnout Reprodução/EPTV Uma professora, que preferiu não se identificar, afirmou ter tido episódios de desmaios na escola. Em setembro, ela descobriu o diagnóstico de burnout e foi afastada. No entanto, quando retornou, foi surpreendida por um pedido inesperado. "A gestão da escola me abordou pedindo para eu assinar uma carta solicitando o meu desligamento. Então, eles estavam ali me coagindo a me desligar", contou a professora. A docente decidiu priorizar a saúde mental e conseguiu um trabalho em outra escola. Mas conta que até hoje sente os efeitos da pressão da gestão. "Essa sequela emocional é muito grande e não está 100%, porque eu não me ajustei, não tenho um trabalho estável ainda", contou. A pressão também atingiu outra professora da rede estadual de Campinas, que preferiu não se identificar. Ela teve sua primeira crise de ansiedade quando ocupava um cargo de coordenação. A crise de choro veio após 22 anos de carreira como efetiva da rede. ''Veio no banheiro da escola. Comecei a chorar compulsivamente e precisei ser socorrida por duas colegas. Eu nunca imaginei que pudesse adoecer assim'', diz a professora. Após o afastamento, ela descobriu que o problema estava ligado a um caso de assédio moral praticado por um diretor recém-chegado contra ela e outros membros da equipe. "Ele me questionava o tempo todo. Quando tentei tirar licença, ele me mandou embora. Todas as vezes que eu tinha crise na escola, ele falava: ‘Você tá desse jeito aí... Mas fez o trabalho que eu te mandei? Fez o que era pra entregar?’ As crises foram piorando por causa disso" comenta a professora. Segundo a docente, “o tratamento da gestão com coordenadores e professores era baseado em pressão e assédio moral”. A professora não quer desistir da carreira, mas também não aceita continuar sofrendo. “Eu só queria minha qualidade de vida de volta. Queria meu cérebro de volta para ser professora que eu era antes, mas estou doente, e muitos outros também estão”, ressalta a professora. Professora da rede estadual de Campinas dando aula Reprodução/EPTV VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/11/26/queria-meu-cerebro-de-volta-campinas-registra-mais-de-3-mil-afastamentos-de-docentes-por-transtornos-mentais-em-2025.ghtml


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